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  • Ingrid Fornazari

A cor

Série Teoria das Cores



Nesse primeiro artigo da série Teoria das Cores vamos abordar a Cor, afinal ela é a base de toda essa teoria, vamos entrar nos conceitos básicos sobre cor, sua influência no nosso cotidiano e uma pitadinha de história.


É através da incidência ou não de luz sobre um objeto que enxergamos suas cores, nuances, forma, e volume. É muito importante para o desenho realista entender como as cores funcionam, porque para representarmos fielmente um objeto ou uma forma orgânica (seja ela pessoa, animal ou vegetal) precisamos entender todo o seu contexto ou seja sua forma, seu volume e sua cor.



O que é cor?


Quando olhamos para um objeto, ou uma forma orgânica o que enxergamos é a luz que cada forma reflete ou absorve e é a interpretação dessa luz que nos faz ver as cores.


A luz viaja em feixes de fótons. Esses fótons atingem células específicas da nossa retina a informação obtida vai até o cérebro através dos nervos ópticos provocando a percepção visual de cor. Essa luz, que é absorvida ou refletida pelo objeto chamamos de frequência de onda, e a cor de um objeto é determinada pela frequência de onda que ele reflete.



Para entender melhor essas frequências de onda um exemplo prático é o arco-íris, cada uma das cores dele é uma frequência de onda. E quando combinamos essas frequências de onda conseguimos produzir todas as outras cores.

foto arco-íris

Cada cor do arco-íris representa uma frequência de onda que produz a cor que enxergamos.



Se enxergamos um objeto com branco isso significa que ele refletiu todas as frequências de onda que incidiram sobre ele, e quando enxergamos um objeto como preto é porque ele absorveu todas as frequências de onda.



Em minhas pesquisas não achei um consenso quanto a quantidade exata de cores que existe e, nem das que somos capazes de enxergar, por isso não vou colocar números aqui, mas embora existam milhares e milhares de cores o olho humano só é capaz de enxergar uma porcentagem dessas cores (alguns milhões). E como a percepção das cores depende da maneira que o nosso cérebro interpreta os estímulos luminosos, essa percepção de cor acaba mudando de pessoa para pessoa. É por isso que algumas pessoas enxergam o verde água como azul e outras o enxergam como verde.



A influência das cores


As cores fascinam o ser humano desde tempos antigos. São conhecidas por provocar emoções nas pessoas, tanto que existe um campo de estudo chamado psicologia das cores que se ocupa da influência das cores nos seres humanos.


Conforme vimos acima a percepção das cores é individual mas questões culturais e históricas também influenciam na maneira como interpretamos e reagimos as cores.


Entre associações comuns que fazemos em relação as cores podemos citar o preto que na cultura ocidental é associado com luto, mas em algumas culturas orientais a cor do luto é o branco.


Em uma cena de filme ou uma pintura o esquema de cores usado também influencia a percepção que temos dessa cena. E tanto diretores de cinema quanto pintores usam esses esquemas ou combinações de cores para sugerir ou reforçar determinadas emoções no público.


Hoje as cores tem uma importância imensa no nosso dia a dia tanto no desenvolvimento de produtos de todos os tipos, como arte em suas diversas formas, e também na arquitetura, paisagismo, web design, e essas são só algumas áreas.



A Teoria das Cores e um pouco de história


Desde a antiguidade o homem tenta explicar e interpretar as cores, tentando criar um consenso, uma padronização em torno desse assunto. O registro mais antigo sobre teoria das cores é atribuído ao filósofo grego Aristóteles. Durante a idade média também houveram teorias sobre as cores, sempre influenciadas por aspectos psicológicos e culturais.


Na renascença pintores como Leonardo Da Vinci e Leon Battista Albert também estudaram as cores e sua natureza com estudos mais elaborados. Mas foi Isaac Newton que apresentou um estudo mais científico sobre a cor, utilizando a luz e foi ele também que criou um círculo cromático.



círculo cromático de Newton

Círculo Cromático de Newton

Fonte: Por Cyrille BERNIZET - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, Wikimedia commons.



Depois disso a Teoria das Cores passou por várias modificações até chegar ao que temos hoje. A teoria das cores é um estudo muito amplo que abrange várias áreas entre elas a física e a arte. A fisiologia estuda como a cor é interpretada pelo cérebro. E a teoria também abrange o estudo das aplicações práticas da cor, ou seja, como ela é aplicada numa obra de arte ou num produto.


O entendimento da cor permite que usemos a cor a nosso favor nas pinturas e desenhos conseguindo um maior impacto, ou transmitindo determinados sentimentos através da obra de arte.



Sobre Cores e pigmentos e o modelo RYB


É importante entender esse conceito de cor luz porque é assim que nós enxergamos o mundo ao nosso redor. Mas quando se trata de colocar a cor no trabalho artístico tradicional precisamos ir um pouco além. As cores que usamos na pintura sejam elas lápis de cor, aquarela, tinta a óleo ou acrílica são provenientes da combinação de pigmentos.


Esses pigmentos quando misturados não obedecem sempre as mesmas regras da luz, por exemplo se misturarmos pigmentos das mesmas cores do arco-íris, vamos obter um tom marrom esquisito, quase preto e não branco. Se misturarmos o laranja com o azul vamos obter um tom acinzentado, e por aí vai. Mas também é possível obter novas cores bonitas e vibrantes através da mistura de pigmentos, para isso é preciso entender um pouco mais sobre o comportamento das cores.

A mistura de pigmentos como usamos, quando misturamos cores de tinta ou lápis de cor, é baseada no modelo de cor RYB (sigla em inglês para vermelho, amarelo, azul). O primeiro registro do uso desse modelo é de de Franciscus Aguilonius (1567–1617). Um modelo de cor é uma maneira facilitar a identificação de cores usando um padrão.

No séc. XVIII Le Blon fez experimentos com pigmentos no campo da impressão. Através dos seus experimentos ele chegou a conclusão que haviam três cores que ele chamava de primárias, vermelho, amarelo, azul e dizia que todas as outras cores poderiam ser obtidas misturando essas três.

Depois disso Goethe no séc. XIX propôs uma teoria das cores, fazendo crítica a teoria de Newton, e Michel-Eugène Chevreul publicou "A Lei do Contraste de Cor Simultânea", que também trouxe contribuições ao modelo RYB. Além disso outros estudos sobre cor dessa época contribuíram para a formação da teoria das cores como a conhecemos hoje.

círculo cromático de Goethe

Roda de Cores de Goethe



Estudos científicos modernos determinam que a melhor combinação de pigmentos para misturar cores são o Ciano, Magenta e Amarelo mas, mesmo assim o sistema RYB ainda continua sendo usado hoje em dia e uma ferramenta muito prática para ilustrar esse uso é o círculo cromático.



O Círculo Cromático


O círculo cromático baseado no modelo RYB ele ilustra a interação entre as cores e suas misturas. É utilizado como referência por muitos pintores para determinar misturas de tintas. Além disso muitos artistas visuais e designers de interiores utilizam o círculo cromático para escolher as cores que vão usar num projeto.

Procurar uma foto do círculo cromático decente.

O Círculo Cromático completo é composto de:


  • 3 cores primárias (vermelho, amarelo e azul),

  • 3 cores secundárias (laranja, verde e roxo)

  • 6 terciárias(verde azulado, violeta, magenta, vermilion, âmbar e chartreuse)


Em um total de 12 cores. Mas existem versões mais simples que tem apenas 6 cores, as três primárias e as três secundárias.


círculo cromático moderno

Círculo Cromático Moderno, baseado modelo RYB



Com o círculo cromático podemos determinar, por exemplo, se as combinações de cores serão mais suaves ou contrastantes. Além disso ele facilita o entendimento da interação das cores umas com as outras. E alguns círculos mais completos tem até vários tons da mesma cor caso você queira usar um esquema monocromático, mas isso é assunto para um outro artigo.



O nome das cores


Muitas vezes você vai ver esses nomes citados acima para essas cores, porém como não existe uma norma para o nome das cores você encontrará diferentes nomes para a mesma cor dependendo do tipo de material, (exemplo: se é uma tinta a óleo, acrílica, aquarela ou lápis de cor) e também do fabricante. Muitas empresas preferem inventar nomes para as cores que elas vendem, isso é bem comum em lápis de cor, as empresas são bem criativas quanto ao nome das cores como por exemplo, rosa chiclete, amora, chocolate, trigo entre outros. Então não precisa se preocupar muito com o nome das cores o mais importante é entender como elas se comportam umas com as outras.



Resumindo:


As cores são frequências de ondas de luz que são interpretadas pelo nosso cérebro. Essa interpretação das cores é pessoal e pode variar de uma pessoa para outra. Algumas pessoas enxergam mais determinadas cores que outras.

As cores tem influência no psiquê do ser humano e o campo da Psicologia das cores estuda essas influências.

As cores em forma de pigmento se comportam de forma diferente das cores produzidas pela luz.

Existem vários modelos de cor que tentam explicar e padronizar as cores, um dos mais usados pelos pintores para misturar tintas é o modelo de RYB(vermelho, amarelo, azul). Uma forma de representar esse modelo é o círculo cromático ou roda de cores, que nos ajuda a entender as cores, suas interações e misturas.



Nesse artigo vimos:

  • O que é cor

  • A influência das cores nosso cotidiano

  • Como a cor em pigmento tem um comportamento diferente da cor produzida por luz

  • O círculo cromático e como ele é formado

No próximo artigo dessa série sobre teoria das cores, vamos nos aprofundar no estudo do círculo cromático e entender os esquemas de cores.


Ficou alguma dúvida sobre esse tema? Tem sugestões ou quer nos contar alguma experiência relacionada a esse artigo, deixe seu comentário abaixo, ou escreva para duvidas@ingrifornazariart.com.

Bons desenhos e até o próximo post!


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